UM SONHO NUM SONHO
Este beijo em tua fronte deponho!Vou partir. E bempode, quem parte, francamente aqui vir confessar-te que
bastante razão tinhas, quando comparaste meus dias a
um sonho. Se a esperança se vai, esvoaçando, que me
importa se é noite ou se é dia... ente real ou visão fugidia?
De maneira qualquer fugiria. O que vejo, o que sou e
suponho não é mais do que um sonho num sonho. Fico em
meio ao clamor, que se alteia de uma praia, que a vaga
tortura. Minha mão grãos de areia segura com bem
força, que é de ouro essa areia. São tão poucos! Mas,
fogem-me, pelos dedos, para a profunda água escura. Os
meus olhos se inundam de pranto. Oh! meu Deus! E
não posso retê-los, se os aperto na mão, tanto e tanto?
Ah! meu Deus! E não posso salvar um ao menos da
fúria do mar? O que vejo, o que sou e suponho será
apenas um sonho num sonho?
Lágrimas depressivas
É assim todo o dia
O sol clareia brando
A lua suaviza meu
pranto
Medito sobre minha
vida vazia
Lágrimas de suplício
Lágrima geladas...
Lágrimas desperdiçadas...
Tentando aliviar
meu martírio
E eu odeio tudo isso
Odeio sentir essa
tortura
Ser seguida por
essa amargura
Até já tentei
suicídio
Minha lamúria
Meu terror que
queima minha alma
Minha mortificação
quenão me deixa ter
calma
Minha eterna fúria
Lágrimas...
Lágrimas de dor
Lágrimas sem amor
Mágoas...
Tentei me afogar
Nessa lamentação
inútil
Nesse lamento fútil
Na bruma que
disfarça o mar
Mas isso não me
protegeu
Só me trouxe mais
aflição
Só trouxe minha
crucificação
Mas isso não me
abateu
Pois, assim como eu
Nesse mundo
profano
Sufocado nesse desejo
insano
Muita gente morreu...
Nessa imortal
depressão.
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